Corbiniano R. Aquino

Wanderlino Arruda

Foi com tristeza e, ao mesmo tempo, com emoção e alegria, que vi, há alguns anos, o amigo e companheiro Corbiniano R. Aquino, o tão querido Corby, fazer a grande viagem de volta ao Mundo Maior, deixando os familiares e amigos um tanto órfãos de sua presença e bondade, pois consideradas agradáveis e proveitosas todos os pequenos e grandes momentos em que estivemos juntos no trato diário e nos trabalhos e discussões da Academia Montesclarense de Letras. Tristeza, porque, mesmo sabendo-nos não-imortais, nunca esperamos de imediato a ausência dos que nos são mais queridos, principalmente os mais próximos de nosso viver e conviver.

Por mais que saibamos da realidade da morte nunca a aceitamos sem queixas e saudades e, assim, toda ausência definitiva parece nunca vir no tempo certo, tem sempre um tom de antecipação. Emoção e alegria, porque nada melhor e mais gratificante que a sensação de ver concluída tão brilhantemente uma vida e lutas e vitórias, com certeza do dever cumprido, o coroamento do êxito e consolidação de amizades verdadeiras.

Corby foi grande e constante amigo, bom irmão, colega, condiscípulo na escola do trabalho, mestre-professor sensível e determinado de todas as horas. Não passou pela vida simplesmente, porque a viveu no que ela tem de melhor, de mais útil, em seara do esforço incansável de cada dia, sem paradas, sem perguntar a que veio, mas com a sincera disposição de quem sabia o porquê de estar no mundo. A boa hora para Corby era aquele tempo em que podia ser lucrativo em termos de cultura, de conforto, de progresso e evolução para todos que lhe seguiam a trajetória da romagem terrena. Nunca viver bem social, um conjunto de valores isolado, um não vigoroso e efetivo ao egoísmo. O bem de Corby foi que pudessem, sem dúvida, trazer a felicidade ao maior número possível de pessoas. Viver, viver muito, mas acima de tudo, conviver!

Sei que muitas pessoas só conheceram Corby como industrial e comerciante. Sei que muitas só o consideraram como líder classista na ACI, como filantropo na Maçonaria, como orador e conferencista em entidades públicas e escolas. Alguns o conheceram como homem de fino trato, social e sociável, sério e alegre, amigo, acolhedor. Alguns o viram no cultivo da terra, vidrado em plantações, pelo colorido das flores, por tudo que o solo produz, enriquece e embeleza a vida. Mas quanto eu gostaria que os nossos contemporâneos tivessem aproveitado mais de sua inteligência como escritor e poeta, de sua habilidade como desenhista, de sua lógica contundente nos assuntos da sabedoria e do espírito! Foi ele um grande pensador, homem de cultura em todos os aspectos.

Autor dos livros ACONTECEU EM SERRA AZUL e ACONTECEU, dois excelentes romances, muita coisa ainda virá a lume para lhe dar um reconhecimento póstumo. Bom advogado, respeitado químico, redator consciente das exigências da gramática, espero não demorar muito o dia em que Corbiniano seja citado como um dos nossos melhores intelectuais. Na imprevista ideologia da política e dos políticos mineiros, penso que não basta nem satisfaz só o existir, é preciso que haja recompensa. E disso, é claro que um dia Corby virá a ser reconhecido como um grande e notável merecedor.

Ninguém perde por esperar! A justiça tarda, mas não falta.

Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros