Cidades Brasileiras

Wanderlino Arruda

Há pouco tempo, Avay Miranda, ao publicar seu primeiro livro, fez como acréscimo a inclusão de uma monografia explicativa sobre a história e o nome da cidade de Taiobeiras. Isso porque muita gente fica curiosa diante de denominação, parece bonita e extravagante ao mesmo tempo, do vocabulário que usamos todos os dias. Também o prefeito Wilson Cunha fez toda aquela campanha plebiscitária para mudar o nome de Porteirinha, em busca de um mais charmoso, evitando ação de trocadilhistas que teimar trocar o “t” por um “q”, tão doloroso para os maiores produtores de algodão do Norte de Minas.
Se outros escritores ou outros prefeitos também ficarem preocupados com os toponímicos de suas cidades, acredito que as listagens geográficas deste Brasil ficariam todas de instalações trocadas, tal a variedade de nomes interessantes e gozados da nossa nomenclatura patrícia, em todos os estados da nação brasileira.
São nomes interessantíssimos, alguns até tendo alguma coisa em relação a Montes Claros, como Girau de Ponciano (AL), Bituruna (PR) e Tomar do Giru (SE). Com adjetivação como a nossa, existem Céu Azul (PR), Auriflama (SP), Espera Feliz (MG), Lagoa Dourada (MG), Monte Santo (BA), Mato Verde (MG) e também Monte Claro, em Goiás.
Veja que gostosura estas denominações: Brejo da Madre-de-Deus (PE), Governador Dix-Sept Rosado (RN), Oliveira dos Brejinhos (BA), Querência do Norte (PR), Catolé do Rocha (PB), Cruz das Almas (BA), Conceição do Coité (BA), Livramento de N. Senhora (BA), Meleiro (SC), Olho d’água das Cunhas (MA), Oriximiná (PA), Riachão de Jacuípe (BA), Limoeiro de Anadia (AL), Jardim de Seridó (RN), Ilha Solteira (SP), Itaquacetuba (SP), Paragominas (PA), Fronteira de três estados e Chapada dos Guimarães (MT), centro geográfico da América do Sul.
Há cidades com nomes bíblicos como Belém (PA), Cafarnaum (BA), Galiléia (MG), Monte Sião (MG). Há cidades com nomes estranhos como Exu (PE), Encruzilhada (RS), Cururupu (MA), Pindamonhangaba (SP), Quixeramobim (CE), Orobó (PE), Pariquera Açu (PA), Piaçabuçu (AL), Perquirituba (PB), Porciúncula (RJ). Há Quebrângulo (AL), terra de Graciliano Ramos, Buerarema (BA), quase harmonia de Capitão Enéas, Pomerode (SC), onde quase só se fala o italiano, e nas horas vagas o alemão. O mais engraçado é o de Não-me-toque (RS), o mais bonito Encanta do (RS), assim como o de Bela Vista do Paraíso (PR). Estranho é Afogados da Ingazeira (PE). Lindo o de Saudades (SC).
Um capítulo à parte são as cidades com nomes de santos e de santas, ou ligação com eles. Santa Cecília do Pavão (PR), Santa Cruz de Monte Castelo (PE), Santa Rita do Passa Quatro (MG), Santana do Cariri (CE), São Domingos do Capim (PA), São Gonçalo do Amarante, (RN e CE), São João do Oriente (MG), São Sebastião do Grama (SP), São Valentim (RS), Santo Antônio da Patrulha (RS), São Gabriel de Cachoeiro (AM), três de São José do Cerrito (SC), do Mipubu (RN), de Piranhas (PB), além de um São José dos Quatro Marcos (MT).
Há muitos outros mas, para terminar, porque o espaço está acabando, as cidades de Passa Tempo (MG), Curimatá (PI), São Desidério (BA) e uma triste Janiópolis, em São Paulo.