Em Cantos e Versos

Muito jovem, quase menino o autor de “Em Cantos e Versos”, Jojô Machado, um Montes-clarense de Formiga. Poeta e amante do teatro amador para criança, gosta de ser feliz e adora fazer a felicidade de outras pessoas. Afinado com o “jazz”, com jeito para a dança, confessa ser fã, ligadão em tudo que vem de Chico Buarque e de tudo que veio de Vinícius de Moraes. Fala de romantismo, de pôr-do-sol, de banho na chuva. Fala da vida, porque é poeta e leva uma grande vantagem, sendo jovem, tendo na alma ainda uma forte participação da inocência, privilégio dos novos, do pouco tendo vivido. Jojô Machado se diz embriagado de ilusão, encantado com a ternura de Simone, de Daniela, de Fernanda, creio, todas meninas, pagando em dobro os sonhos de felicidade, o carinho pela alegria das manhãs de domingo na praça da Feira de Artes.
Gostei da poesia de Jojô Machado porque é uma poesia sentimental, direta, bem dimensionada no espaço e no tempo, coisa de quem fala do mundo sem decisão de consertá-lo, fala de pedaços de luz, de música do silêncio, da alegria, da solidão e da saudade. Gostei da poesia de Jojô Machado porque os seus versos são puros, limpos de coração, construtores de beleza, um tanto voltados à ternura da família, sem aquelas apelações que os menos experientes buscam na linguagem do sexo, naquela libertinagem que só eles julgam normal. Acho bonito que a juventude pense de forma positiva, nos valores maiores da vida, no toque de sincero romantismo, num prisma de visão que possa construir o belo e o divino, mais voltado para o lado bom de cada trabalho de melhoria do mundo, se deixassem de lado a violência, a ironia, o gosto quase doentio pela parte menos elogiável dos sentidos. Há muita beleza a descrever, muita transparência para quem queira ver a luz dos dois lados de cada tema, de cada assunto.
De há muito que dois defensores da boa comunicação vêm trabalhando para dar maior plasticidade e estética à linguagem dos jovens do segundo grau, ainda em posicionamento de quem aprende o manejo da boa fala e do bom escrever. Na Escola Técnica, a Professora Marília Pimenta Peres, com o apoio do Diretor Eustáquio Machado Coelho e de entusiasmados colegas, vem desenvolvendo sério esforço de levar os alunos à eficiência da poesia, a colocar no papel e nos palcos seus sentimentos e seus anseios. No Colégio São José, o Professor Ronaldo Eustáquio de Oliveira, com o entusiasmo do Irmão Bruno, também dirigente, têm produzido o milagre de fazer com que moças e rapazes, tanto de cursos diurnos como de cursos noturnos, realizem excelente “performance” de versos que dizem muito do amar e do viver, ressaltando aspectos do maior interesse para as letras.
Dois festivais de poesia realizados pelas duas escolas, bem organizados, devem servir de exemplo a outras escolas e a outros professores da língua e literatura, a outros diretores que também desejem o aprimoramento dos seus estudantes. O bom deve ser imitado, deve ser seguido, para o bem de todos. Creio mesmo que o trabalho de Jojô Machado já seja efeito desse esforço e da boa vontade para com a poesia, o melhor lado da valorização das palavras e do processo de comunicação e da arte. Justo também é destacar trabalhos como o de Raquel Mendonça, de incentivo e de orientação, quase que de mineração de novos valores. Justo é destacar a poesia necessária que vem sendo feita pelo Jornal de Domingo e que, embora parcimoniosa, tem tido grande efeito. Descontados os exageros, eliminado pela preferência aos melhores, os menos ricos de inspiração vão deixando o caminho para os de maior fôlego. No fim, permanecerá o ouro e o diamante, o brilho e a luz a quem se faça credor de justa admiração. Que continue viva a poesia!