Loja
Maçônica Deus e Liberdade
Wanderlino
Arruda
O
último dos fundadores da
Loja Maçônica Deus
e Liberdade a viver entre nós
foi o bom amigo e mestre Professor
Athos Braga. Todos os seus companheiros
de fundação já
haviam gozado do direito de uma
nova iniciação no
Oriente Eterno, deixando para os
que vieram depois apenas a lembrança
do bom exemplo, da coragem e da
fé no trabalho e no estudo.
Um a um, como tinha de acontecer,
foi deixando a vida e entrando para
a história, cada qual marcando
a sua participação,
assinalando uma hora importante
do progresso da oficina. José
Esteves Rodrigues, Sebastião
Sobreira, Álvaro Marcílio,
todos, cada um ao seu modo e com
a força e prestígio
que tinham, foram acrescentando
o “algo mais” que tanto
valor tem somado à instituição
em Montes Claros nestes setenta
e seis anos de tantas lutas e louvores
da Maçonaria.
Que poderia eu dizer de setembro
de mil novecentos e trinta e dois?
Quem dos leitores poderá
dizer, com conhecimento de causa
e com testemunho ocular, do que
acontecia naqueles tempos bons e
difíceis? Não acredito
que seja possível falar muito
de Maçonaria sem ser maçom,
uma vez que a ordem nem sempre divulga
os seus feitos ou anuncia a sua
realização, ficando
na maioria das vezes, a mão
esquerda sem saber o que realiza
a direita, como bem manda o figurino
evangélico desde os tempos
apostólicos. Avessa à
publicidade, a maçonaria
é pouco vista do lado de
fora, só aparecendo o trabalho
que, de forma alguma, pode ficar
escondido. Assim, muita coisa dos
setenta e seis anos de Deus e Liberdade
permanece apenas na memória
dos seus protagonistas, dos que
tomaram parte direta nos próprios
acontecimentos.
Houve tempo, é certo, que
nada poderia ser feito sem passar
antes pela Loja e pelo Rotary, reuniões
semanais que reuniam a maior parcela
de liderança de Montes Claros.
Do Rotary eu sei que cada reunião
me dava quase totalidade da matéria
de um jornal, nos meus tempos de
repórter convidado por João
Souto e Luiz de Paula, no salão
dos jantares do velho Hotel São
Luiz. Muitos e muitos - maçons
e rotarianos – entrecruzavam-se
nas duas organizações,
entre eles Nozinho Figueiredo, Henrique
Baendel, , Gentil Gonzaga, Sebastião
Sobreira, João e Luiz de
Paula. Quase nada teria realização
segura, nenhum progresso poderia
ser sonhado sem que uma palavra
de ordem fosse comandada pelo movimentar
deles e de suas duas entidades.
A tradição local de
maçons continua ainda apoiada
na memória de Athos Braga,
de José Gomes, de João
de Paula, de Almerindo Alves de
Brito Faria, de João Murça
Júnior, os mais antigos,
de iniciações mais
remotas, na década de quarenta.
Toninho Rebello, Júlio Pereira,
Hélio Athayde, Geraldo Novais,
Walter Suzart, Vadiolano Moreira,
Cesário Rocha, Marcelo Furtado,
José Geraldo Drumond, João
e Terezo Xavier e mais um punhado
de outros vieram depois de cinqüenta
e sessenta, bem depois da longa
administração de Chico
Tófani e de Sobreira. Poucos
ainda estão aí, vindos
de antes. Como eu olhava com respeito
aquele pessoal de avental vermelho,
do grau dezoito, que se assentavam
mais perto do Venerável!
Os graus trinta e três só
vieram tempos mais tarde, quando
José Gomes foi ao Rio de
Janeiro a chamado urgente e foi
depois um sucesso! O tempo de irmo-nos
igualando – alguns de nós
- aos mais velhos veio nos idos
de setenta e oito, quando pudemos
nos postar ao lado de grandes amigos,
entre eles o Georgino Jorge de Souza,
de saudosa memória.
Muito teremos ainda de escrever
sobre a história de Deus
e Liberdade. Espero que o futuro
não nos negue tempo e memória.
Instituto Histórico e Geográfico
de Montes Claros