Montes Claros, Cidade do Futuro

Wanderlino Arruda

Futuro é o intervalo de tempo que se inicia após o presente e não tem um fim definido. É um momento que pertence ou pode pertencer a algo que ainda irá acontecer. Há o futuro da mecânica clássica, que é o algo que está por vir e há o futuro da mecânica quântica, em que não existe a figura de futuro, porque nela toda atuação é de forma atemporal, uma tradução aproximada de tempo que é e não é: tempo não tempo. Palavras filosóficas do Wikipédia. Mas como o meu tema é a cidade de Montes Claros no futuro, tenho que ter tempo dentro do tempo, tempo medido, tempo sonhado, tempo desejado: alguma coisa que ainda não é e que tem tudo para ser. Algo assim como Montes Claros logo depois deste meio de ano, seis meses de administração do prefeito Luiz Tadeu Leite, alguma coisa como Montes Claros no final do mandato, ou seja a cidade de dezembro de 2012, quando tudo indica já terá 500.000 habitantes, com um mínimo de 150.000 ocupando banco de escolas, do jardim de infância à universidade. Pode-se pensar na Montes Claros de 2020, 2024, quem sabe ultrapassando a casa do milhão, maior que algumas capitais do Norte e do Nordeste em tempo de agora. Em em 2050, 2060? Conheci a cidade nos idos de 1951, quando só havia duas ruas com calçamento de paralelepípedos, do Shopping Popular à Rua Doutor Veloso, e Rua Simeão Ribeiro só até à Cristal. Era um pequeno pedaço de conforto rodeado por todo um universo de poeira vermelha e valetas de enxurradas, além dos buracos pós-chuvas tão naturais que até em asfalto existem. Para quem viu a cidade apenas com duas escolas secundárias, o Colégio Imaculada e o Instituto Norte Mineiro de Educação, poucos grupos de primário e nada de jardins, e hoje vê centenas de escolas e mais de cem cursos universitários, muito pode ser imaginado e dito, com segurança, de que ninguém segura esta Montes Claros. Digo isso, porque sei que tudo, queira ou não queira, passa pelos anos de estudo, pela juventude que aprende para enfrentar os vestibulares e o porvir. A cidade tem crescido tanto com o aumento do número de estudantes, que o trânsito já passa os limites do caótico nas horas de pico nos horários de início e de fim de aulas. Por falar em trânsito, já estamos na casa dos 120.000 veículos, entre estes quase 50.000 motos, fora as milhares de bicicletas. O que salva são as avenidas velhas e novas, as ruas um pouquinho mais largas do bairros, e, mercê de Deus, as partes de anel rodoviário já prontas e pavimentadas. Quem quiser medir nunca imaginado aumento de carros, basta percorrer as ruas do centro de contar o número de garagens, tantas e tantas que muitas e muitas já estão em constante promoção, dois reais no geral, um e um e cinquenta na pechincha. Ressalte-se uma questão importante: nossa frota de veículos é muito, mas muito mais nova e mais atualizada que a de Buenos Aires, de Montevideo, de Assunção, e forçando um pouquinho até mesmo a de Santiago do Chile. Ponto prá nós. O setor de indústrias que já foi grande e ficou menor, já começa mostrar fôlego, melhorar até o número de empregos. Para uma que fecha, outra que chega, algumas até com inauguração política como a do biodiesel. Setor de comércio com grandes empresas de atacado e varejo, lojas de departamentos, shopping crescendo, shopping nascendo como o caso do Ibituruna, tudo motivo de louvor. A cada pedaço de tempo, mais agências de publicidade, mais qualidade na imprensa escrita, mais canais de televisão, rádios AM, FM, rádios comunitárias, rádios piratas, que ninguém é de ferro. Se temos menos policiais a pé nas ruas, temos grande contingente em carros, motos e bicicletas. Temos tudo para saudar os modernos controles de segurança, com as modernas câmeras em toda a área central, capazes de detectar até o movimento de um relógio. Um encanto de crescimento. Em verdade, podemos fazer positivos augúrios para o futuro desta nossa Princesa do Norte, a cidade dos Montes Claros. Tudo por aqui é trabalho, é esforço, é entusiasmo, quando até nos cemitérios há muita gente trabalhando desde as primeiras horas da manhã. E onde há trabalho sério, há progresso, há desenvolvimento, há riqueza. Merecido louvor para as entidades de classes, para as instituições de cultura, para as escolas de artes. Tanto é a movimentação nas ruas, que nem posso imaginar a caminhação feroz que vai acontecer nos dias que antecederem um Natal daqui a uns trinta anos. Melhor seria um trânsito virtual, se possível aéreo. Bem haja, como dizem os portugueses.

Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros